quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Gritando com cálculos, que me são incalculáveis...

Admiro as pessoas que calculam.
Passos, tempo, preço. Laços, vento, medo.
Calculam a distância, a pressa e a saudade;
Calculam a presença, a ausência e a ansiedade.

Nos passos, sabem a hora de dá-los;
No tempo, sabem viver sem perdê-lo;
Nos preços, sabem como não excedê-los.

Nos laços, sabem como dar-lhes bem dados;
Ao vento, sabem como desviá-los;
No medo, sabem como enfrentá-los.

Quando a distância machuca, sabem como fazer para distraí-la;
Quando a pressa bate à porta, sabem acalmá-la;
Quando a saudade grita, sabem dominá-la.

Quando a presença é comum, sabem fazer-se ausente;
Quando a ausência começa a ser constante, fazem a presença para lembrar-lhes como era melhor antes;
Quando ansiosos, fecham os olhos e começam tudo outra vez.

Já eu, não sou nada disso.
Sou meus passos inquietos,
Sou meu tempo nunca certo,
Sou o preço sempre alto.

Sou meus laços BEM mal dados;
Sou o vento sempre assustado;
Sou o medo sempre exagerado.

Sou a distância sempre perto,
Sou a pressa sem fim,
Sou a saudade, sempre aqui e em mim.

Sou a presença presente,
Sou a ausência que está sempre vindo,
Sou a ansiedade,
Sou eu, com todos os meus faniquitos.

GRITADO POR: A POETISA

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